quarta-feira, 16 de maio de 2012

Felicidade sim.

As pessoas são felizes do jeito que são
Contrariando o ditado que felicidade é em vão.
Felicidade é assim:
Tem para todos menos para mim.

Felicidade é algo que se diz passageiro
Mas se você olhar direito
Ela nunca veio, nem vai chegar,
A tristeza não fica dando sopa para o azar.

Felicidade sim tem fim
O problema é bem mais complicado
O tamanho da tristeza
É que não cabe em mim.

Quem guarda a felicidade como um prêmio
Acaba as vezes esquecendo
Que a felicidade tem um prazo de validade
E dependendo da vaidade, termina desaparecendo.

Por: Rossano Coutelo.

sábado, 10 de março de 2012

Outro inverso.


Eu gosto, é da voz rouca, da boemia,
Gosto do controverso, do periclitante
Do fim do dia, do não amante
Da agonia, do que não cabe
Do outro oposto da melancia
Do perigoso, do fim do dia.

Eu gosto do que não gostam
Do que rejeitam, da parte fraca.
Não gosto do que aceitam
Do que é bom, que vem na lata
Eu gosto do que não tens
Do que não vem, da poesia.

Por: Rossano Coutelo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Teu olhar.

Não olha assim para mim
Tanta coisa ao teu lado
Antes tivesse me afogado
Dentro da tua imensidão.

Fala essas palavras não
Tanta coisa no calar
Antes tivesse me perdido
Dentro do teu falar.

Não me conta essa estória
Tanta estória para contar
Antes tivesse aprendido
A ler o teu olhar.

Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Derivado.

Se, da África derivou
Espantosamente tudo que foi criado,
O negro, o branco, o pardo e o mulato
Onde foi então que tudo se separou?

De onde veio, então, este maldito hiato?
Se, é na manhã que se concretiza,
O sentimento ocidental.
É justamente à noite
Que se mostra o transcendental.

O que te pertence oh negro!
Como dizia o poeta: É à noite.
“Pois ela é a única coisa que
Realmente é nossa”. É bela.

É como um pequeno paradoxo;
O negro que ama o mulato
Que ama o próximo
Que ama o pardo
Que ama o branco
Que ama a si mesmo
Que se acha superior
Que também veio da África
Que ainda se acha senhor
Que às vezes é mais negro
Que o próprio negro
Que ninguém amou.


Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Inês?

Que língua você fala Inês?
Que roupa você usa?
Será que você fala o francês?
Será que está nua?

Que horas você chega Inês?
Se mentes toda hora!
Que dia você volta outra vez?
Para nós irmos embora.

Inês não é casta nem nada
Fugiu há algum tempo.
Me diz o que se passa,
Que eu dobro até o vento.

Diz que ainda me ama Inês
Se for preciso mente.
Se for preciso ainda talvez
A verdade você invente.

Talvez você exista Inês
Talvez talvez nunca existiu.
Vai ver morreu antes das três
Para onde Inês partiu?

Por: Rossano Coutelo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Apenas um conto.

Um conto, um causo, uma estória, uma história
Heróis, bandido, reis, rainhas
Na chuva, no sol, na selva ou na relva
O conto de um moço que queria uma moça
O conto de uma moça que procurava um moço
Um moço já adulto mas criança
Uma moça criança mas adulta
Um dia o moço viu a moça
Um dia a moça não olhou pro moço
O moço sonhava com a moça delicada
A moça sonhava com o moço mas em seu rosto não via nada
O moço bruto, a moça delicada
O moço roceiro e a moça educada
N’outro dia o moço buscou a moça amada
Que só então se entregou encantada
O moço feliz logo mudou
A moça suspeita então o amou
Mas o conto ainda não acabou
Será que a moça e moço felizes viverão?
De um amor nascido alí naquele seco chão
Um felizes para sempre eu queria lhes dá
Mas pra moça e pro moço talvez ele não virá
É a vida que imita os contos
Todos buscam amor, felicidade e encantos
Bom mesmo é sem a certeza de que virão
Pois a vida assim tem mais emoção.

Por: Rodrigo Araújo.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Anjo e o velho.

Anjo você é de onde?
Sou do Rio de Janeiro,
Sou de todo fevereiro
Sou meio e as vezes sou inteiro.

E você velho de onde é?
Sou do mundo e o mundo
Que me é.

Mas o mundo não é muito grande velho?
Não, eu ainda vou virar universo.
Quando você vai virar universo?
Quando eu me chamar saudade.


Por: Rossano Coutelo.