quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Viva.


você que dobra a avenida esperando a vida
e esquece da vida quando a encontra
só sabe fazer escolhas errôneas
nunca perde sua medalha de primeiro lugar
já tentou nadar, correr, saltar, sofrer
e sofreu correndo contra todos

o seu maior obstáculo é ter amor próprio
o seu defeito é não pensar em ninguém
mas isso vai um pouco mais além
tudo começa quando se pergunta: "pra onde"?
o seu porto seguro não existe mais
a sua meta de vida fugiu do cais

está se guardando a muito tempo
só não sabe o que guarda, nem o prêmio que vai ganhar
as estátuas se foram, os obstáculos desistiram
a roda da vida afunilou, e você não percebeu
me diz com que cara você vai me receber
na data em que todos irão saber, assim que o dia amanhecer

to te seguindo, te testando, te vejo todos os dias
a tua angústia não é doença jovem, nem adianta se enfeitar
a tua doença é passageira, puramente sorrateira
não se encontra neste lugar, isso vem de dentro, pode acreditar
solta os teus pesadelos, esquece tuas promessas
desiste dos teus dons, não leva essa vida costumeira

ta se roendo por dentro, se segurando para não chorar
mas os teus grãos de vida, você tem que regar
fazer da vida uma avenida plana, com poucas curvas
o teu caminho foi traçado, e o que fores precisar
pede aos teus anjos, que eles sabem concretizar
o meu tempo acabou, estou partindo mas você sabe onde me encontrar

e agora você é grande
tem tudo na sua estante
a vida não foi fácil, você soube vencer
um dia pôde perceber
que as pessoas a sua volta
não são meros figurantes, nem estão a sua escolta.


Rossano Coutelo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Curto caminho

Quando ela acorda, me acorda
Quando ela levanta, se banha
No mar, que implora para ser dela
E acolhe esse corpo moreno
Em ondas imprecisas
que explodem com vida
em tal monumento sereno

Quando ela sorri, sorri minha alegria
Quando ela chora, chora minha vida
Quando ela fala, canta num leve tom
Ai meu Deus, minha pele foi a frisson

Essa poesia não viaja longe, amigo
Porque meu coração esta sempre com ela
Então ta tudo bem

Tudo bem, tudo bem, tudo...

Pedro Ivo

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sobre incômodo.

O que incomoda fede,
tem cheiro de sujo e excluído.
O fedor vem das águas dos canais ou
das correntezas podres de um rio.
Seus chuveiros diários.

O que incomoda se vesti em andrajos,
passeia nas ruas com camisas rasgadas e
com um garrafa com cola dentro.

O que incomoda faz o trabalho dito vulgar,
vende pipoca nos ônibus, limpa vidros nos sinais e
engraxa sapatos na frente de grandes prédios.

O que incomoda assalta,
em semáforos fechados, na entrada de residências,
na rua mal iluminada.

O que incomoda é o não-escolarizado,
que não tem o segundo grau completo,
não leu Shakespeare e fala ‘vrido’.

Tudo embuste!
Demagogia barata!
Argumentação falaciosa!

Pra eles,
O que incomoda é a cor da pele.

Cícero Augusto.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sem rima

Como me explicas esse sorriso tímido?
Novamente levantas o teu ar de melancolia e te faltam palavras para descrever o que sentes.
Se esconder é uma saída sem novidades.


Surpresa, Ana se levanta do sono deleite e cala o coração com uma música
Serão planos de outrora que vêm vindo?
Estão suas esperanças lançadas neste cantar?
Mude essa música morena, por que acho que conheço esse olhar
Seu Sol já está quente, tua Lua no céu
O que mais vem vindo?
Só te falta o véu


Ana se cala
Tens que considerar, a tua vida é rara,
Os teus dias felizes e só tens a agradecer.
Ana não sabe agradecer por que se acha infeliz.
Me diz, só fazes sorrir!
As tuas fotos eu já vi
Então muda morena,
Canta o teu cantar
Fala pro mundo escutar, as razões de tua alma bela
Não me vem ser agora singela, por que é hora de se encontrar
Se amar, se gostar, gostar de alguém.


Não me venhas dizer que és mal amada
Nem que te rogam praga
O teu blog eu já li, o teu bloco eu já vi
Sorria teu melhor sorriso, não exponhas apenas o teu lado mulher
Não segura esse copo, és uma criança
Desce do salto agulha, do alto
Desce esse tom de mulher fatal, vivida, barco sem nau
A tua vida não pode esperar
Se ponha em meu lugar,
Veja só, sem te conhecer já posso te decifrar.


Ana dorme novamente, no sono deleite e espera essa música cantada na mente, parar


Viviane Pereira

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Laranjas da impunidade.


Milhares de homens em trajes vermelhos,
com machados na mão gritando sem medo.

Trabalhadores armados,
enfrentam a polícia.
Causando terror.
Formando milícias.

Fruto de um política desigual,
invadem terra de forma ilegal.
Com pedaços de pedra e porretes de pau,
derrubam o princípio do capital.

Embora cobertos de razão e moral,
não tem o direito de causar tanto mal,
a margem da lei de cunho penal,
os bonés vermelhos avançam o sinal.

Nos meios de comunicações são ditos anormais,
a ovelha negra dos movimentos sociais.
Aproveitadores dos recursos federais.

Na realidade, ninguém vê o quanto são alijados,
não só da terra, mas de todo os subsídios do Estado.
Um problema secular de um país mal colonizado.

Mas, não devemos ser coniventes,
o MST não é completamente inocente.
Não são oficiais de justiça para despejar gente.

O bonezinho vermelho imune amostra.
O senador corrupto sempre de folga.
O Brasil servindo de galhofa.
O MST e o Senado impunes acima de qualquer prova.


Cícero Augusto.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Previsões de um futuro ultrapassado.

Quando olho para esta terra hostil
Não vejo simples pessoas
Vejo máquinas programadas
Frias máquinas com defeitos e sem anseios.

A cada reflexão deixo de crer no ser-humano
A cada brutalidade o meu rio de esperança fica mais vazio
Os santos preocupados com promessas banais, se esquecem
As pessoas com sonhos fúteis se envaidecem.

Imagino crianças com olhos fundos
Se perguntando o motivo de viverem num mundo tão cruel
Onde as poesias serão mais tristes, os quadros mais escuros
As perspectivas se transformarão em pó com uma velocidade inimaginável.

Vejo multidões brigando por farelos, desperdiçados pelos fartos banquetes
Olho pessoas-cupins tirando da natureza recursos além da sua capacidade
Lutando por raras faixas de areia capitalizada
Por ensino industrializado, diversão empacotada.

As belezas ficarão restritas a particulares
A psicologia, para as elites com medo de perder suas fortunas
A medicina, para reviver barões enfartados precocemente
E a palavra esperança cairá em desuso junto com a igualdade.

Rossano Coutelo.