quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Chagas.

Nessa vida agonizante
breve, longa e sufocante
eu queria declamar,
morrer desesperadamente e pecar.
 

Juntar três amigos
e percorrer os lugares mais longínquos,
sempre sofrendo as chagas
de vidas passadas
sofridas, esquecidas
porem amadas.
 
Mesmo com tão grande sofrimento
a vida passa fazendo graça 

a ferida aberta logo sara
ou cai no esquecimento.

Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Letra e música.


Desce e sobe

Pra descer ladeira
todo santo ajuda
mas pra subir, Meu Deus
é um Deus nos acuda.
é enfrentar uma nau de piratas
ser o alvo das facas no circo
nadar no rio com as piranhas
disparar num cavalo sem rédeas.

É quase um fuzilamento
é quase um fuzilamento, Meu Deus
e eu que desço e subo todo dia
é o mistério da minha alegria
é o céu, é o inferno
é minha agonia.
é quase um fuzilamento
é quase um fuzilamento, Meu Deus.

 Por: Romero Coutelo.
Blues enferrujado.

Um blues enferrujado
toca nas casas e colos molhados
meu grande erro foi perder
e acordar derrotado.

Minha vida segue como brasa
mas brasa perto de um desfiladeiro
como lixo dentro de um saco
indo a caminho do desterro.

Freud nunca se entendeu
por milhas de horas ao acaso
como vela que um dia morre
ou as mulheres dentro de um vaso.

A minha canção, a minha canção
sanfonas descompassadas
velhas, murchas e cansadas
procurando afinação.

A tua canção, a tua canção
piano novo com virilidade
adjetivos sem funcionalidade
encontrando a perfeição.

Todas as canções, todas as canções
aquele blues enferrujado
dependendo como for usado
pode mover multidões.


Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Minha escola de samba.

O tema da minha escola de samba
é você,
com vestido rodado, bordado,
que eu vou escolher.
E no carro de frente
Com toda essa gente
Todo mundo vai querer te ver.

Roda, roda a saia mulata
Mostra como é que faz,
Se eu não digo eu te amo hoje,
Não direi nunca mais.

Traz toda essa massa
Mostra a esse povo que passa
O porquê de te seguir
Só não conta a parte sem graça
Pois essa está por vir.

Diz a eles que já não me ama
Nosso bloco já parou há algum tempo
Você partiu para outra escola de samba.
E eu vou ter que arrumar outro passatempo.


Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

menino de Engenho.

Por que tu és magro menino?
-Não como, por isso não tenho porte.

De onde tu és menino?
-Sou da Mata-Norte.

Por que tu choras menino?
-Choro por que não tenho sorte.

E de que falta de sorte tu falas menino?
-Falo da falta de sorte do corte.

E o corte é fundo menino?
-Tão fundo, que me rasga
A alma e os dedos.
Me deixando a mercê da morte.


Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Muito tarde bela.

Por que tu só se fizeste bela,
Quando nela,
Eu buscava um carinho?
Por que tu só se fizeste bela,
Quando na tela,
Eu não pintava mais sozinho?

Porque tu só se fizeste bela,
Quando a rosa branca na lapela,
Já não tinha mais espinho?
Por que tu só se fizeste bela,
Quando uma donzela,
Ofereceu-me um bom vinho?

Por que tu só se fizeste bela,
Quando da janela,
Eu projetava outro ninho?
Por que tu só se fizeste bela,
Quando ela,
Cruzou o meu caminho?

Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Drummond e Pampers.


São fraldas e livros,
Noites com sono.
Madrugadas vividas a favor de um sonho.

São mamadeiras
Quentes na beira do fogo.
São roupas sujas e limpas de novo.
A paciência é a virtude
Na hora do sufoco.

Entre gritos e choros,
Foi feito o parto.
Mas é no decorrer
Da vida é que se “come o dobrado”.

São versos escritos
Em um lenço umedecido.
Drummond recitando  na beira do caminho,
Uma pedra que um dia vai me chamar de “painho”.


Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010


Até depois da morte.

Se existe estações no mar
se existe insolação na lua
será que alguém vem nos buscar?
conta uma história tua.

Se o tempo não manchasse tanto
se os erros fossem esquecidos
só você enxugará meu pranto,
da saudade dos momentos vividos.

Se a velhice fosse passageira
se a gente abusasse da sorte
eu te amo de tal maneira,
que ficaremos juntos até depois da morte.


Por: Rossano Coutelo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quando se Perde no Futebol.


O silêncio na torcida...
Passos tristes se movem para fora do campo.
Alguns homens no chão, será o cansaço?
Deveriam estar em pé, é futebol.

Chuteiras com cravos na grama,
Corações pisados por cravos.
Cadê a rosa?
A rosa ,‘arrasou com meu projeto de vida’.
A rosa alaranjada.

O peito do torcedor
Deveria ter uma caneleira,
Para agüentar o carrinho de uma derrota.
Que sempre nos deixa no chão,
Machucados, doloridos.

O gol não feito,
É uma perda a mais.
Uma bola que não entra,
É uma lágrima que sai.

A cabeça baixa e
Na bandeira um lenço,
esperança perdida.
Tudo faz parte de um jogo,
Tudo faz parte da vida.


Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Dança da podridão.

Sangra e mostra teu sangue azul
acorda e conta todo teu tesouro
ele é o mais tendencioso
dono de si e dos outros
Se pudesse teria sangue de ouro.

Sangra e mostra teu sangue nobre
tenta inutilmente transformar ouro em cobre
ele é o mais malicioso
engana a todos, o mais maldoso
não sabe como gasta seu tempo ocioso.

Seu dinheiro não é seu, é dos outros
rouba tanto, que pensou em abrir um banco
com o nome: "Tesouro da corrupção"
mas sempre fez questão de dizer a todos
que nunca viu uma nota de cem na sua mão.

Nunca teve um tostão,
tudo que ganhou foi com a força do seu braço
quero saber quem é o otário,
que vai cair nessa enrolação, mas não se preocupe
depois de uns anos aparecem outros, na micareta da eleição.

Por: Rossano Coutelo

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cantigas para Ninar Menino de Rua.


Cadê o abrigo que ficava ali?
-O homem desativou.

Cadê o colchão que era para mim?
-O homem levou.

Cadê a comida que tinha aqui?
-Essa o gato comeu.

Escravos de Jô,
jogavam na Caxánga,
tira, tira,
deixa o menino sem brincar.

Guerreiro com Guerreiros,
fazem fila para comer.
Guerreiros com Guerreiros
fazem fila para comer.

Atirei o pau no gato, to, to
Mas o gato, to, to
era preto.

A ocorrência não ocorreu,
porque o gato era preto
e se fudeu. Miauu.

Se essa praça, se essa praça
fosse minha,
eu mandava a prefeitura
reformar.
Com banquinhos,
com baquinhos confortáveis,
para eu e meus irmãos
deitar.

Se eu roubei,
Se eu roubei um pedaço de pão
È porque não comia na FEBEN.

Se eu roubei,
Se eu roubei um pedaço de pão.
È porque o Sistema não me faz bem.

Hoje é domingo,
pé de Cachimbo.
O Cachimbo é de ouro,
vendo e compro de novo.
A pedra é valente.
Bate na gente.
E agente é fraco,
Cai no buraco.
O buraco do vício é fundo.
Acaba-se o mundo.

Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Sociedade dos animais.

Existem certos animais,
que são piores que certos animais,
não querendo menosprezar certos animais,
animais que nascem para serem animais,
e morrem como animais,
irracionais esses animais,
os mesmos que pensam ser racionais,
infelizmente são esses animais,
que povoam os congressos dos animais,
ocupam cargos judiciais e federais,
e estão nos anais da sociedade dos animais.


Por: Rossano Coutelo.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Bom Brasileiro


Ele era um bom brasileiro
Na carteira pouco dinheiro
Conhecia o bairro inteiro
Para fumar seu cigarro não usava isqueiro.

Mas tinha a arte de amar
A cachaça do bar
E tinha sempre a cabeça cansada de pensar
Ele era um bom brasileiro.

Sempre preocupado com seu medíocre emprego
Sonhava com mulheres o dia inteiro
Futebol aos domingos no canteiro
Para tudo tinha-se um jeito.

Ele era um bom brasileiro
Tinha consigo a arte de amar
A cachaça do bar
E a cabeça cansada para pensar.


Por: Rodrigo Araújo.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Pouco Azul.


Ès menino!
Pouco azul, mas és menino.

Pelo teu cheiro és menino.
Pouco azul, mas és menino.

Pelo teu sorriso és menino.
Pouco azul, mas és menino.

Pela tua alpercata de pano és menino.
Pouco azul, mas és menino.

Pelo ruído do teu chocalho és menino.
Pouco azul, mas és menino.

Os médico dizem que serás
Todo sempre pouco azul.

Mas, um dia irei de te ver
Suficientemente azul sob o sol.

Por: Cícero Augusto.
Retenção subjetiva do olhar.


A inspiração que bate
depois do exercício, o quilate
negro olho tenso, estala
na tua pálpebra estranha, dilata.
 

O teu esforço de longe disfarça
a tua cara já mostra essa farsa
se queres ser o palhaço que seja
olhe os teus olhos retenha e veja.

Finja ser o retalho da sobra,
a parte miúda que seca e não molha
não queira ser escravo da sorte.

Pois é a sorte que corta com ponta,
pois essa sorte é a mesma que conta,
os teus passos a caminho da morte.



Por: Rossano Coutelo

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quase morto.

Ai de tí se fores trazer
Se fores morrer,
Há de ser por terra
E mais de tuas horas
Peço pouco para agora,
Morre, mas morre pouco.
Morre longe, sem
Morrer em mim.
Sem fazer de mim,
Um amante morto.

Por: Rossano Coutelo.
Minha saudade Tem Nome.

Se saudade
Tivesse cheiro.
Teria cheiro de alfazema.

Moraria em Gravata,
Em uma casa bem pequena.
E iria todo dia a igreja
para rezar a novena.

Mas quando
Saudade morre,
E não passa dos setenta.

Deixa no mundo todo,
Uma tristeza tremenda.

Uma emoção
Tão grande
Que não cabe,
Em um poema.


Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mundo dos Canários.


O mundo é uma bola.
E o Rei do Mundo é Péle.

O mundo é torto.
E o Rei do mundo é Garrincha.

O mundo é um queixo.
E o Rei do mundo é Ademir.

O mundo é pequeno.
E o Rei do mundo é Romário.

O mundo é romano.
E o Rei do mundo é Júlio César.

O mundo é um pedal.
E o Rei do mundo é Robinho.

O mundo é futebol.
E a capital é o Brasil.

Mundo, mundo vasto mundo.
Se eu me chamasse Raimundo.
Seria uma rima, não uma Seleção.

Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Todas as coisas.

E como a água na calha, que molha
E como o fogo morto, que queima
É como o gelo pontudo, que arde,
É como a chuva chovendo, que leva.

Sou como o dia trazendo trabalho
E como a tarde trazendo preguiça,
Mas nem a noite nervosa me atiça,
E a madrugada formando o orvalho.

Molha, queima, arde e leva.
A água, o fogo, gelado na chuva a treva.
Sou como um deus dentro de um deus,
O sim o não a chegada e o adeus.


Por:Rossano Coutelo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Noite Chuvosa.

Não esperava a chuva
E aquelas palavras.

A despedida que você prometeu
Tinha champanhe e escargôs,
Como podes me oferecer um vinho barato
Junto com essas frases difíceis de digerir?

Sabia que um dia iria acabar, mas não
Pensei que fosse deste jeito:
Você com um guarda-chuva lilás
e
Eu com uma camisa antiga,
Sentados em um banco de uma praça velha.

Com água caindo do céu,
batendo no chão.
Que batia em mim,
Que chorava em mim.
Gota por Gota, orvalho de coisa triste.
Minha flor fica ensopada de saudade.

O céu desabou sobre minha cabeça,
e neste instante sentir o sabor
amargo das noites que hão por vir.

Noites em que você não está.
São noites mais longas e frias.
São noites sem perfume e poesia.
Sã noites sem risos e cantares.
São noites sem música e rosa.
São vidas sem cor em toda parte,
Que secam e murcham em uma noite chuvosa.

Por que tudo acaba antes do fim?


Por: Cícero Augusto

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quase nunca.

Acordaste as seis em ponto,
não tem nada te impedindo,
talvez fosse um peregrino,
ou guardasse algum espanto.

Agora estás quase perto,
um bocado de amores,
quase sempre sem ardores,
nunca fosse tão esperto.

Ajudaste onde podia,
escreveu três poesias,
era o máximo que fazias,
quase nunca ela cabia. 





Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

CadÊ Miguel?


Nasceu?
Por que, essas gotas de lágrimas em sua manga, você escondeu?
Chega à hora, afinal que o tome por seu?

E o nome, foi você que escolheu?
Tanta alegria, São Pedro choro, por isso choveu?
Amarás a mulher que uma criança lhe deu?

E os gritos dele, seu coração amoleceu?
Lembras das mudanças que você prometeu?
Por que o silêncio? Sua língua o gato comeu?

Você sabe que é um presente de Deus,
Um filho em sua vida, o destino ofereceu,
Agora podes, parti em paz, no momento do derradeiro adeus.


Por Cícero Augusto.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Nenhum coração.

A, destino volta para o seu lugar
Peregrino, vive com medo de voar
Só, eu sismo que nessa vida ainda existe amor
Tem destino preso como uma flor.

Você tem o dom, de mostrar o caminho
Mas, tal dom não funciona em mim
Me diga com bastante carinho
Que eu sigo mesmo assim.

É destino, as vezes és como um bandido
Que chega como uma faca cortante
Cortando todo sentimento restante
E depois, se esvai, sem ao menos ficar arrependido.

E passando essa neve, essa leve impressão
Sol apino batendo em minha direção
Foi desfeita qualquer confusão
Dois destinos presos sem nenhum coração.


Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O amor tá em Cartaz.


Comprei uma pipoca e um refrigerante
E fui ver a estréia do amor.

Ganhei um chapéu e uma camiseta,
Com a frase: “Eu te amo!”.
Amanhã eu te mostro.
Se o nome ainda estiver escrito.

Casais enfileirados,
Se beijam, se abraçam,
Se amam.
Eu na fila da minha tristeza espero.
Minha alegria nunca comeu ‘comida de panela’. Por isso ela é tão fraca, frouxa,
Cai em qualquer esquina.

A sala é liberada.
Todos se movimentam,
Menos meu pensamento que insiste
Em você.

Me sento com dificuldade,
Ninguém percebe,
Mas trago comigo o peso
Da minha tonelada-emoção.

O público atônito e ansioso,
Espera o amor aparecer.
Já eu, espero apenas você chegar.

As luzes se apagam.
O filme começa.

O amor ta em cartaz!
Mas se você não dar bilheteria,
Eu te largo.
E assisto qualquer bobagem
De Hollywood.


Por Cícero Augusto

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os velhos e a enfermeira.

Ultimamente, pouca coisa
tudo dentro, fora pouca
tem que ver onde vai dar.
Se carrego cai a louça
ando vendo tanta coisa
que não sei onde chegar.

É o fim seu moço, ouça
não está vendo aquela moça,
te dizendo para ficar?
se anda, cai na poça,
não consegue ver muita coisa
só uma lente para ajudar.

Não estou ficando louca
nem um tanto quanto doida
só não mande eu me aquietar.
Tire toda minha roupa
já estou ficando rouca
de tanto ter que gritar.

Olhe aquele moço, moça
ta pior que qualquer coisa
vão ter que separar.
Vá tirando a sua touca
que a morte já vem lhes buscar.



Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Uma Vela para Deus, e outra para Jorge.


Nunca pensei que Jorge iria
Me deixar.
De repente, ele me abandona
Nesta cama enorme.
Com esses lençóis gigantes,
Neste apartamento de 58²m, que
Agora é do tamanho de um campo de futebol.
Jorge nunca teve noção de espaço.
Principalmente, do espaço que ele ocupava no meu coração.
Mas tudo bem, se Jorge não fosse desse jeito, talvez eu não
O amasse tanto.

Tudo que eu fazia ou gostava ele reclamava,
Dos arranjos de flores da mesa da cozinha,
Das molduras dos retratos que ficavam na sala,
Do cheiro forte dos meus esmaltes,
Do meu tempero insosso,
Do meu perfume nacional,
Dos meus filmes prediletos.
Jorge era bastante criterioso.

Larguei o emprego,
Tranquei a faculdade
E comecei a me dedicar completamente
a ele.
A lavar suas roupas,
A fazer sua comida,
A esquentar seu corpo, todas as noites.
Jorge era bastante exigente.

O Amei cada dia da minha vida,
Desde a primeira vez que o vi,
Naquela praça à tarde.
Ele dentro daquele terno preto
E com aquela barba por fazer,
Foi amor a primeira vista.
Jorge me agarrou pelo imaginário
E no dia seguinte estava em sua cama.

Fazem 3 meses que Jorge,
Não me dá sinal de vida.
Disse que iria comprar um cigarro
E partiu.
Que tola eu fui, Jorge nunca fumou.

E desde então, peço a Deus que Jorge retorne,
Para eu poder dar continuidade em minha vida.
E sempre antes de dormir,
Acendo uma vela para Deus
E outra para Jorge.


Por Cícero Augusto

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Confissões de pedra

A pedra da minha rua,
é um tanto esquisita,
fala, rir, chora,
conta histórias.

Ela falou-me:

De como a Pangéia se partiu e virou cinco continentes,
de Tiahunaco e seus monumentos,
dos cavaleiros medievais e da Inquisição,
de religião e astronomia.
Disse também que,
construiu castelos incas e hoje sonha virar um edifício na Avenida Paulista.

Uma pedra sempre traz uma história consigo.

Falou também sobre sua família:

A pedra- arquitetônica de Niemayer,
irmã visionária e audaciosa.
A pedra - roseta de Bonaparte,
prima sábia e antiga.
A pedra-seca de João,
a pedra ordenada, a pedra que educa,
a pedra-alma, tia distante.

E diz que sente saudade da sua mãe.
Essas pedras...
No fundo são umas sentimentais.

Esta pedra da minha rua é do tipo urbana:
Tem enxaquecas, usa terno
e faz análise nas sextas.

Vai ver que deve ser seus trabalhos duros na rua da cidade,
suportando as toneladas de ferro,
vidro, carbono, éter e frustrações, diariamente.
A cidade e seus derivados de máquina,
devem ser desconfortáveis quando estão em  cima de algo.

Essas pedras da cidade têm uma vida dura.

Reclamou de dores nas costas,
e explicou que era problema de família.
Por fim, despediu-se.
E partiu para viver sua vida de pedra.


Por: Cícero Augusto.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Melancolia

Leva o que é dia
que a tarde afastada de mim
é a parte pulsante e elástica
é noite, calma e ruim.

É o fim do fogo acabando
que arde dentro de mim
carcaça caindo aos pedaços
é o dia acabando enfim.

São madeiras cravadas no chão
sonetos fincados em mim
palavras e vozes ao leu
que o amor é o pior cupim.
 

É o amor que hoje eu nem digo
aquarelas debaixo de mim
num instante gelado e ambíguo
a noite acabando assim.

O dia e o fogo surgindo
queimando dentro de mim
deusas de charme e beleza  

obrigando-me a chegar ao fim.


Por: Rossano Coutelo

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O não-nascido.

Ò inocente feto,
fruto de um incoerente afeto,
de um relacionamento controverso.

Ò pobre criança,
morreu na lembrança,
de um jovem casal.

Uma pílula que roubou-lhe
a saúde.
Deixá-lo viver,
não pude.
Meu Deus,
por favor. Perdoai.

Laço sanguíneo cortado,
amor prematuramente amputado.
Imagem de um futuro amargurado.

Aborto esses versos,
como quem chora,
inútil é pedir perdão
a uma vida
que já foi embora.


Por: Cícero Augusto

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Primeiro soneto

Pensei em te escrever um soneto
que no teu rosto lágrimas eu veria,
seria esse meu primeiro soneto
comigo várias métricas eu traria.

Iria escrever da nossa infância
da razão que sempre era tua,
da nossa eterna constância
aqueles planos de ir a lua.

Mas um soneto a tua altura,
pelo tamanho da tua ternura, 
é dificil de se imaginar.  

Eu prefiro contemplar a fundo
os sonetos escritos ao redor do mundo,
para depois te recitar.


Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Se você soubesse.


São inúteis as tentativas de subverter a essa escolha
Quando tento te mostrar o caminho, mudas o olhar
Quando tento te trazer para o meu ninho, voas para outro lugar
Como? Se teus olhos te deletam e me dizem o contrário?

Confundo-me com tuas palavras, não sei se me entendes
Teus problemas não me parecem tão grandes
Ou eu não consigo enxergar?
Tuas horas passam tão rápido.

Teus anseios se diferenciam dos meus
Teus cabelos me atraem como a noite escura
Tua boca me mostra o quando te desejo
Mas nada adianta se não queres entender o que falo.

E por mais que eu diga, é estranho dizer
Por mais que eu negue, é difícil negar
Esses quês em demasia só me fazem chorar
E esse choro contido deságua no mar.

Fiz sonetos e prosas, poesias marcadas
Entrei em luto por quem não morreu
Vendi-me a mim mesmo por um preço barato
Só não me pergunte o prêmio, não sei responder.

Tua vida minha vida, tua alma minh’alma
Meu corpo teu corpo, meu tudo teu nada
Estranho e sozinho, sem nada no ninho
São inúteis as tentativas de subverter a tua escolha.

Por: Rossano Coutelo

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cadê Sophia?
*Para minha afilhada.


Cadê Sophia? Que demora tanto a chegar?
Cadê Sophia? Que a todos vem completar,
Divisora de águas de vidas insanas,
Irás ser tão bonita quanto as damas palacianas.

Cadê Sophia? Que acampa nos corações desnorteados?
Cadê Sophia? Que acalma os corações desesperados?
Na tua vinda trazes tanta obrigação,
Es tão esperada quanto os preceitos do alcorão.

Cadê Sophia? Que anda causando tantos planos?
Cadê Sophia? Que pela qual rezamos para todos os santos,
E a gente vai sonhando, vai rezando por Sophia,
E a gente vai amando, vai preparando o mundo de Sophia.

Cadê Sophia? Que irá receber tanto carinho.
Cadê Sophia? Que está dentro do seu ninho.
Eu quero ver Sophia se tornando gente grande,
Eu quero essa boneca de porcelana em cima da minha estante.

Por: Rossano Coutelo.
Socialismo Tupinambá.


Casa simples na periferia inglesa,
o proletariado explorado, O burguês vence.

Uma oca de palha na selva latina,
um ameríndio decapitado, Cortez vence.

O mar para todos, a sombra do jacarandá para todos
, o dorso desnudo, a fruta tropical.
Enfim o bem-estar social. Comunismo perfeito.
Nem mais nem menos, apenas um peixe na farinha de mandioca.

Numa viagem
Paraguaçu e Thompson
discutem O Capital numa canoa
a caminho de Moscou.

Em um quadro
Amoedo pinta,
uma retrato de Marabá
trabalhando numa fábrica
na Inglaterra do século XIX.

Num mural
Rivera pinta
Marx nas margens do Amazonas
debatendo com seringueiros.

Mais ou pouca valia,
não importa. Um gostoso
Beju é o suficiente.
Uni-vos, apenas na caça,
na oca e na mata.

O Estado é a natureza.
A ditadura é a do sapo, da onça,
do peixe, da árvore.
A prole sem o arado,
fábrica e nem salário.

Tudo se baseia no comum.
Tudo se baseia no social.
Tudo se baseia no natural.



Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Então é Natal?


O menino vislumbra o
pinheiro iluminado.
È natal!

A cidade repleta de pessoas
com sacolas cheias.
Mas de almas vazias.
A árvore onipotente e luminosa
rasga o negro céu da capital.
E debaixo dela,
o rio reflete o esplendor da cidade
em dezembro.

A família feliz rodeada de comida.
È Natal.

A sociedade vermelha,
só no vermelho o social.
Senhores poderosos desembolsam
grandes quantias para uma filantropia
isolada. Nas caixinhas do proletário
encontra-se: “Colabore com nosso natal.”
Onde na verdade
lêsse:  “Ajude a exploração.”
Enquanto os honestos pedem em caixinhas,
os desavergonhados do planalto roubam em malas.   

O banquete na mesa, as pessoas
sorrindo.
O charmoso panetone.
As guloseimas coloridas.
Receitas caseiras com cheiro de mãe.
As bebidas diversas.
E no centro de tudo
o protagonista do dia, O peru.
È natal no Brasil,
O peru está na mesa.

A ética no lixo. E o peru na mesa.

A igualdade no banheiro. E o peru na mesa.

A honestidade no quintal. E o peru na mesa.

O amor ao próximo apenas no aperto de mão. E o peru na mesa.

A pobre criança no sinal. E o peru na mesa.


Por: Cícero Augusto.
Eu fui e ví.

Eu fui lá e vi de onde nasciam as poesias,
As rosas não eram iguais as nossas.
O ar era frio, carregado, no chão palavras soltas,
Nas paredes, pontos, vírgulas, interrogações.

Eu fui além e vi como são feitas,
Umas saem sem muito esforço, vem da natureza.
Outras é preciso cultivar, regar, esperar,
Mas no fim todas tem o mesmo valor.

Eu fui além e vi quem fazia,
Uns para aliviar uma tensão presa no peito.
Outros para comprar o pão de cada dia,
Podem acreditar elas são irmãs.

Todas sempre chegavam a algum lugar,
Essas poesias tinham significados diferentes.
Toca o coração de uns de forma peculiar,
Em outros ela fica na palma da mão, pronta para voar.

Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Poema Vida.

Acordas de um sono
Distante, irreal.
Conservas ainda aquele olho inchado
E sensível à luz. O sonho enfraquece o corpo,
Mas revigora a alma.
Pisas agora na realidade, e o chão está frio.

Desde de menino negas
Tua incapacidade, tua fraqueza
E teus erros. Nunca aceitasse um cigarro,
Nem também um carinho de teu pai.
Teus irmãos eram bons, tua mãe era boa,
Tua tia, até teu cão. Já tu, reclamavas do vento.

Amava as coisas do teu quarto,
O computador com teus textos,
Os livros de bolso,
Tua pequena coleção de Cd’s e
Um travesseiro velho que recostavas a cabeça.
Odiava a casa e seus barulhos.

Tua adolescência foi como todas as outras,
difícil e insuportável.
Respostas a tudo.
E incoerência para quase tudo também.

Descobrisse o amor.
Descobrisse o desamor.
E depois chorasse de novo.

Nunca fosses inclinado
Para o álcool e nem o fumo.
Teus vícios eram outros.
De segunda a sexta Escola.
Ler durante o sábado e
Rir com os amigos no domingo.
Mulheres? Foram poucas em sua vida,
Entretanto intensas, uma lhe mostrou o verdadeiro
amor e outra lhe deu um filho.

Tudo mudou.
O que restou foi apenas Olinda
E suas igrejas.

Estas agora com 18 anos,
Com pouco cabelo,
Um filho
E muita saudade.


Por: Cícero Augusto.

Nada é meu.

Meus primeiros versos
de um poeta mudo
meus primeiros traços
de artista cego
são todos seus
minhas obras inacabadas
meus anseios inalcançáveis
são todos seus
as ruas de barro
automóveis sem freio
meus ensaios de vida
minhas notas tortas
são todos seus.

Essas promessas sem fundamento
fatos compilados, fora de ordem
escuridão sem fundo projetor
setas que não indicam onde estou
morte condenada a eternidade
mas são seus, os momentos de tensão
aqueles que mesmo de antemão
sabemos que pode dar tudo errado.

Por isso, tudo que faço é seu
o mais forte dos suspiros
a mais larga das angústias
meus maiores defeitos
são todos seus
vagando por estradas confusas
que levam ao lugar mais desejado
somam vias de uma veia interrompida
tudo parte do mesmo lugar
e chega neste lugar que agora estamos.
 

Este lugar também é todo seu
por mais que não ganhes nada material
é tudo seu
por mais que não saias com nenhum peso
peço a sua permanência, não solte essa corda
ela representa o fim do arco-íris, impreciso
mas ao mesmo tempo existe uma recompensa
que você nunca vai ver, mas ela existe
o maior prêmio, é o caminho que iremos fazer juntos
até o fim do arco-íris, por toda a nossa vida.

Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Carta ao não amante.

Então falar de amor saiu de moda?
Louvar o calor já não mais voga?
Qual a parte que te toca?
Onde posso atingir teu melhor olhar?
Te interessa as regras, as métricas?
Eu sei que não.

Te enche os olhos, críticas, falácias ou metáforas?
Ficas saboreado com privações, restrições ou reformas?
Pedras sobrepostas em estruturas sedimentares,
Movidas por qualquer sentimento de mudança e continuidade,
Achas sentimentos nas rochas, velhice na areia?
Se falam de pobreza ficas feliz?
E da riqueza dos que nascem ricos, eles tem culpa?

Tens um coração angustiado,
Com medo de transparecer fraqueza,
Mais medo ainda de se relacionar com as palavras.
Voltas e voltas e estás em um mesmo ponto,
E quando falas de amor, perde teus próprios olhos,
No meio dos carros, das chuvas, das feiras.
Dentro de ternos pretos, nos lugares mais longínquos.
Podes não perceber, mas o amor está vivo em todos os litorais.

O teu bloco de amor não para companheiro,
Bota um pouco de amor nos foliões agitados,
No Tibet ou em Meca, o relógio sempre pode marcar seis horas
Mas essas horas passam mais rápido quando o "amor tá lá".
Veste teu terno preto, compra um sonho qualquer por ai,
Visita um ou dois amigos, tira a tua identidade,
Continua a observar vidas a beira-mar,
Juntamente com as ferrenhas críticas.
Só não esquece de "as vezes amar". 



Por: Rossano Coutelo.
Sonho Doce.

Levantou alegre,
nem pisou no chão.
Flutuo da cama, tudo parecia mais leve.
As contas à pagar não mais existiam.
A mulher despertou em silêncio, não reclamou de nada.
O cachorro não latia, cantava uma bela música de Sinatra.
Tudo parecia dourado, brilhante.

Um mundo maravilhoso e perfeito.

O cheiro fétido de alguns objetos do mundo
O incomodava, mas agora o mundo cheirava
A uma lembrança boa, a saudade.
A saudade tinha cheiro e até cor, a saudade
Era amarela e às vezes cor de goiaba.
As dificuldades, das coisas duras da vida,
Tornaram-se moles, cremosas.
A fome, a guerra, as doenças, eram
Flácidas se desmanchavam com uma mordida.

Todos os lugares do mundo tinham um ar de pátria,
Tinham uma temperatura gostosa, eram mais quentes.
Um quente suave, um calor delicado.
Um conforto de colo de mãe.

Os jornais anunciavam notícias incríveis:
A Globo tinha decretado falência.
O Congresso tinha sido demolido.
Não havia mais mendigos e pobres, todos eram ricos e falavam francês.
E os Estados Unidos, virou um imenso sanduíche Americano
Que foi cortado e distribuído às crianças africanas.

O sol parecia um grande pão
De casca dourada. E as nuvens
Eram um chantili gigantesco e saboroso.
Os carros foram deixados para trás,
E uma multidão levantou vôo em direção
Ao céu. Os pássaros humanos se alimentando
Do alpiste açucarado do algodão flutuante.
“O dia mais feliz, a hora mais doce”.

Enfim, acordou.
Despertou do cochilo.
Olhou para o mundo e se decepcionou.
Mas, levantou, pegou a carteira
E lembrou que o sonho na Padaria
Custa apenas R$ 1,00.


Por: Cícero Augusto.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Litoral Vivo

As ondas quebravam em silêncio,
nas rochas de granito inquebrantável.
Os ventos as levavam para as pedras,
as pedras as levavam para as areias,
e as areias as levavam para a lembrança.
A memória de algo quebrando, de algo vivo.
Porque o que é vivo quebra.

Mas ali, eles ficavam intactos,
o tempo só mexeu na superfície
Cabelos brancos, o céu azul.
olhos cansados, o mar voraz.
Conversa calada, o som do vento na folha do coqueiro
é o ideal.
Um casal no seu inefável momento
de observar o mar, o mundo.

Mãos dadas na beira-mar.
Talvez daqui algum tempo,
um não terá a mão do outro.
Só terá a sua própria, entrelaçada
na beira de um buraco eterno.
É incrível como o amor pode sobreviver
ao incomodo do passar das horas,
ao conflito do cotidiano, persistir diante
de outra vontade.

O horizonte os conforta,
a paz das coisas infinitas.
Os cabelos longe, se confundem
com as nuvens brancas do céu.
A morte se apresenta até em fios
de cabelos. Mas eles já perderam
o último fio de esperança.
Sentados, esperam uma despedida tranquila.

Um jovem surge para
recolhê-los pra um carro.
Os carrega com atenção.
Conduz algo frágil, raro, e ele sabe disso.
Passo a passo, com cuidado.
Porque o que é vivo quebra,
no mar, na onda, na lembrança.


Por Cícero Augusto.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Versões

 Parte II

Amar-te é o que demasiadamente faço
Amar-te é uma sina da qual não me desfaço
Os sentimentos por ti me avassalam
Meus desatinos, descompassos, a ti se entrelaçaram.

Teu amor é a tese.
Teoria que aparentemente só cresce
Minha loucura é antítese, abnegação que se traduz em servidão.
Ah! Nossa síntese? Nada tem de compreensão ou evolução, ela é apenas compaixão.

Meu caro, não te desvie ao meu zelo
Não me roubes o desejo.
Deixes-me errar por te amar
Deixes de tanto amor, me embriagar.

Com você idealizo o amor carnal
Aquele que faz do homem um ser mortal.
Quero apenas o prazer inebriante
Quero apenas vivenciar momentos que valham a pena guarde-se num instante.

Tu que de pouco viver, procuras o ideal
Não consegues entender? Contento-me apenas com o que me convém ser real.
Nos versos vagos que permeiam sua boca
Reflete apenas uma vida oca.

Amar-te é uma certeza
Não precisas ser piegas, pois sou convicta como uma fortaleza.
Não tenhas medo de magoar-me
Tenhas medo sim, de não vivenciar-me.
 

Com a efemeridade, tudo é transcendente
Só não lamentes o que já não se sente.
Sigo forte a sentir
Só não espere tanto de mim, pois sei que outrora tudo há sumir.

Meu bem, não sejas tolo e prepotente
Um amor é um sentimento que se recebe como um presente.
Insistes em me desdenhar, porém, só até certo ponto ei de agüentar
No futuro tudo há de concluir, pois como no verbo amar, o mais difícil é conjugar.

Respeito teus anseios e tuas covardias
Pois mesmo a amar-te sou nesta estória a mais-valia.
Respeito meus anseios, entretanto, busco mais
Quero um homem que me ame não um que faça de mim um mero cais. 


Jane Bem.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Versões.

Parte I

A minha história foge a regra, é difícil de contar
ela me amava tão completamente, mas tive que negar
fazia juras de amor, sem nenhum pudor
nunca ouviste nada parecido posso supor

Eu tentava explicar que o amor não tinha me atingido
mas era em vão, até ficava comovido
mandava carta, chorava ao meu ouvido
fui por muito tempo por essa história movido

As vezes me sentia no lado errado, ela não tinha nenhum defeito
era eu que deveria ter a amado, mas nada é perfeito
não via flores onde você via, nem estrelas nos grandes luais
deve ter algum defeito nos nossos ancestrais

Como é difícil dizer "não"
deve sofrer muito o seu coração
não posso fazer nada, te iludir está errado
queria tando que entendesse meu recado

Agora eu sei, o que passam quando estamos amando
mas desta vez é você que está se entregando
a um amor sem destino, não correspondido
é melhor me ouvir, escute meu pedido

Olhe bem ao seu lado, es tão amada
segue o rumo da tua jangada
sofro em dizer que não posso navegar contigo
nunca tome isso como um castigo

Poderia te iludir, dizer que te amo
meu amor perto de uma árvore, só significa um ramo
de todas as estrelas, não passa de um cometa
de todos os passarinhos uma mera borboleta

Entretanto, te amo de uma forma tão completa
sem nenhuma fórmula secreta
peno por não poder te completar
choro por de outra forma te amar


Posso prometer que nunca te deixarei
os teus sonhos, com tintas coloridas pintarei
teus caminhos, com uma forte luz irei iluminar
e prometo fazer de tudo para não te magoar

Não nego que você é meu porto seguro
sem você como será meu futuro?
continue me amando pela eternidade
nunca deixe que eu seja sua prioridade
 

E se um dia deixar de me amar?
não sei onde irei parar
sem um amor conveniente
sem um alguém me desejando diariamente.

Queria viver sempre esse amor inacabado
mesmo te amando tão limitado
mas, se um dia fugir do meu alcance
nunca mais poderei viver este romance.


Rossano Coutelo.