quinta-feira, 27 de maio de 2010

Sonho Doce.

Levantou alegre,
nem pisou no chão.
Flutuo da cama, tudo parecia mais leve.
As contas à pagar não mais existiam.
A mulher despertou em silêncio, não reclamou de nada.
O cachorro não latia, cantava uma bela música de Sinatra.
Tudo parecia dourado, brilhante.

Um mundo maravilhoso e perfeito.

O cheiro fétido de alguns objetos do mundo
O incomodava, mas agora o mundo cheirava
A uma lembrança boa, a saudade.
A saudade tinha cheiro e até cor, a saudade
Era amarela e às vezes cor de goiaba.
As dificuldades, das coisas duras da vida,
Tornaram-se moles, cremosas.
A fome, a guerra, as doenças, eram
Flácidas se desmanchavam com uma mordida.

Todos os lugares do mundo tinham um ar de pátria,
Tinham uma temperatura gostosa, eram mais quentes.
Um quente suave, um calor delicado.
Um conforto de colo de mãe.

Os jornais anunciavam notícias incríveis:
A Globo tinha decretado falência.
O Congresso tinha sido demolido.
Não havia mais mendigos e pobres, todos eram ricos e falavam francês.
E os Estados Unidos, virou um imenso sanduíche Americano
Que foi cortado e distribuído às crianças africanas.

O sol parecia um grande pão
De casca dourada. E as nuvens
Eram um chantili gigantesco e saboroso.
Os carros foram deixados para trás,
E uma multidão levantou vôo em direção
Ao céu. Os pássaros humanos se alimentando
Do alpiste açucarado do algodão flutuante.
“O dia mais feliz, a hora mais doce”.

Enfim, acordou.
Despertou do cochilo.
Olhou para o mundo e se decepcionou.
Mas, levantou, pegou a carteira
E lembrou que o sonho na Padaria
Custa apenas R$ 1,00.


Por: Cícero Augusto.

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