quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Nenhum coração.

A, destino volta para o seu lugar
Peregrino, vive com medo de voar
Só, eu sismo que nessa vida ainda existe amor
Tem destino preso como uma flor.

Você tem o dom, de mostrar o caminho
Mas, tal dom não funciona em mim
Me diga com bastante carinho
Que eu sigo mesmo assim.

É destino, as vezes és como um bandido
Que chega como uma faca cortante
Cortando todo sentimento restante
E depois, se esvai, sem ao menos ficar arrependido.

E passando essa neve, essa leve impressão
Sol apino batendo em minha direção
Foi desfeita qualquer confusão
Dois destinos presos sem nenhum coração.


Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O amor tá em Cartaz.


Comprei uma pipoca e um refrigerante
E fui ver a estréia do amor.

Ganhei um chapéu e uma camiseta,
Com a frase: “Eu te amo!”.
Amanhã eu te mostro.
Se o nome ainda estiver escrito.

Casais enfileirados,
Se beijam, se abraçam,
Se amam.
Eu na fila da minha tristeza espero.
Minha alegria nunca comeu ‘comida de panela’. Por isso ela é tão fraca, frouxa,
Cai em qualquer esquina.

A sala é liberada.
Todos se movimentam,
Menos meu pensamento que insiste
Em você.

Me sento com dificuldade,
Ninguém percebe,
Mas trago comigo o peso
Da minha tonelada-emoção.

O público atônito e ansioso,
Espera o amor aparecer.
Já eu, espero apenas você chegar.

As luzes se apagam.
O filme começa.

O amor ta em cartaz!
Mas se você não dar bilheteria,
Eu te largo.
E assisto qualquer bobagem
De Hollywood.


Por Cícero Augusto

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Os velhos e a enfermeira.

Ultimamente, pouca coisa
tudo dentro, fora pouca
tem que ver onde vai dar.
Se carrego cai a louça
ando vendo tanta coisa
que não sei onde chegar.

É o fim seu moço, ouça
não está vendo aquela moça,
te dizendo para ficar?
se anda, cai na poça,
não consegue ver muita coisa
só uma lente para ajudar.

Não estou ficando louca
nem um tanto quanto doida
só não mande eu me aquietar.
Tire toda minha roupa
já estou ficando rouca
de tanto ter que gritar.

Olhe aquele moço, moça
ta pior que qualquer coisa
vão ter que separar.
Vá tirando a sua touca
que a morte já vem lhes buscar.



Por: Rossano Coutelo.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Uma Vela para Deus, e outra para Jorge.


Nunca pensei que Jorge iria
Me deixar.
De repente, ele me abandona
Nesta cama enorme.
Com esses lençóis gigantes,
Neste apartamento de 58²m, que
Agora é do tamanho de um campo de futebol.
Jorge nunca teve noção de espaço.
Principalmente, do espaço que ele ocupava no meu coração.
Mas tudo bem, se Jorge não fosse desse jeito, talvez eu não
O amasse tanto.

Tudo que eu fazia ou gostava ele reclamava,
Dos arranjos de flores da mesa da cozinha,
Das molduras dos retratos que ficavam na sala,
Do cheiro forte dos meus esmaltes,
Do meu tempero insosso,
Do meu perfume nacional,
Dos meus filmes prediletos.
Jorge era bastante criterioso.

Larguei o emprego,
Tranquei a faculdade
E comecei a me dedicar completamente
a ele.
A lavar suas roupas,
A fazer sua comida,
A esquentar seu corpo, todas as noites.
Jorge era bastante exigente.

O Amei cada dia da minha vida,
Desde a primeira vez que o vi,
Naquela praça à tarde.
Ele dentro daquele terno preto
E com aquela barba por fazer,
Foi amor a primeira vista.
Jorge me agarrou pelo imaginário
E no dia seguinte estava em sua cama.

Fazem 3 meses que Jorge,
Não me dá sinal de vida.
Disse que iria comprar um cigarro
E partiu.
Que tola eu fui, Jorge nunca fumou.

E desde então, peço a Deus que Jorge retorne,
Para eu poder dar continuidade em minha vida.
E sempre antes de dormir,
Acendo uma vela para Deus
E outra para Jorge.


Por Cícero Augusto