quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Uma Vela para Deus, e outra para Jorge.


Nunca pensei que Jorge iria
Me deixar.
De repente, ele me abandona
Nesta cama enorme.
Com esses lençóis gigantes,
Neste apartamento de 58²m, que
Agora é do tamanho de um campo de futebol.
Jorge nunca teve noção de espaço.
Principalmente, do espaço que ele ocupava no meu coração.
Mas tudo bem, se Jorge não fosse desse jeito, talvez eu não
O amasse tanto.

Tudo que eu fazia ou gostava ele reclamava,
Dos arranjos de flores da mesa da cozinha,
Das molduras dos retratos que ficavam na sala,
Do cheiro forte dos meus esmaltes,
Do meu tempero insosso,
Do meu perfume nacional,
Dos meus filmes prediletos.
Jorge era bastante criterioso.

Larguei o emprego,
Tranquei a faculdade
E comecei a me dedicar completamente
a ele.
A lavar suas roupas,
A fazer sua comida,
A esquentar seu corpo, todas as noites.
Jorge era bastante exigente.

O Amei cada dia da minha vida,
Desde a primeira vez que o vi,
Naquela praça à tarde.
Ele dentro daquele terno preto
E com aquela barba por fazer,
Foi amor a primeira vista.
Jorge me agarrou pelo imaginário
E no dia seguinte estava em sua cama.

Fazem 3 meses que Jorge,
Não me dá sinal de vida.
Disse que iria comprar um cigarro
E partiu.
Que tola eu fui, Jorge nunca fumou.

E desde então, peço a Deus que Jorge retorne,
Para eu poder dar continuidade em minha vida.
E sempre antes de dormir,
Acendo uma vela para Deus
E outra para Jorge.


Por Cícero Augusto

2 comentários:

  1. Essa de comprar cigarro é muito boa. Mas, mudando de assunto, eu sempre soube, hein Cícero? Jorge reclamando do cheiro dos seus esmaltes. ha ha ha
    Hum... Grande Jorjãaao!

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  2. toda vez q eu leio isso, eu fico lembrando umas coisas. e Jorge não fosse desse jeito, talvez eu não o amasse tanto, Jorge criterioso, Jorge com a barba por fazer, tempos sem dar sinal de vida.

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