quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Poema do Verso Triste.

O verso aparece triste,
preguiçoso, mórbido no
pedaço branco de uma lacuna breve.

Ele não quer se render ao encanto
das coisas alegres e cheias de vida,
o meu verso é acabrunhado, muxoxo,
acácia sem cor, rosa sem perfume.

As letras competem em desanimo
e apatia, até o ritmo é melancólico.
Recito o rascunho em voz alta e a
orquídea no vaso da mesa de jantar, murcha.

No meu verso não tem sílaba
tônica, não tem acento,
a frase não exclama e
não pergunta. O marasmo da gramática.

Timidez?
Não. Meu verso outrora era altivo,
vivia em pixações feitas em altos edifícios
e era escrito em outdoors.

Hoje é depressivo,
teima em sair da caneta.
Quando sai é com orações,
sem verbo,
sem sujeito,
sem emoção,
sem nada.
Os versos finais de Bentinho.

Poesia sem alma.
O meu verso não tem coração.
Tem a epiderme fria de saudade.
E o esqueleto do poema tem osteoporose.

A linguagem biológica da composição poética,
é perdida, o verso surgi entristecido e deficiente.

A veia do meu verso não pulsa?

Não, o poeta é que perdeu seu coração.

Cícero Augusto.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Heresias, Hipocrisias e afins.


No pecado dito impróprio,
o ateu corta logo as trompas de falópio,
para evitar uma discussão vazia.

Tolos são os que acreditam em seres imaculados,
de Cristo a pobreza de Francisco,
o engano sempre fica nos seres idealizados.

Prefiro a prevaricação do próprio diabo,
a falsa moralidade de um beato.
Que ostenta um homem branco crucificado.

Por que negaram o salvador da gente?
Por que negociaram o filho do onisciente?
Por que condenaram um inocente?

A opulência é mantida por poucos.
A Teoria da Libertação um grande engodo,
para sobrepujar uma mentira.

Nos escritos dos escolhidos,
dos pobres no medievo
arrancaram o último grão de trigo.

Nesse histórico de manipulação eclesiástica.
È pecador, do menor padre ao grande papa.
Educação errada mantida pela Escolástica.

Observando o estilo moderno,
o satanás agora usa terno
e veste prada.

A teocracia no oriente em alta,
o aiatóla com turbante almeja calma.
Hipocrisia de um política falha.

Enfim, o Apocalipse está por vir.
As cornetas acionadas pelo Serafim.
Avisam que Deus já apertou o botam do fim.

Cícero Augusto.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Visões da insatisfação humana

O ser humano é algo extremamente complexo
Quando está sozinho necessita de um alguém
Quando está com alguém necessita de um tempo só
Quando ama alguém não é correspondido
Quando é amado não corresponde igualmente
Quando tem muito tempo livre não aguenta mais
Quando não tem mais tempo nenhum também não aguenta mais
Uns com tanto, outros com tão pouco
Mas com certeza, todos insatisfeitos
Nem oito, nem oitenta é a medida da felicidade
Porém, como já dizia um filósofo alemão,
O equilíbrio entre a tristeza e a felicidade é o tédio
Então, comparada a nem oito e nem oitenta,
A medida da felicidade seria o tédio
E como não poderia ser diferente
Qualquer pessoa estaria insatisfeito nesta condição
Não adianta, é impressionante a capacidade de insatisfação do ser humano
Por outro lado esta deletéria e constante insatisfação
Pode fazer com que o indivíduo não fique passivo à vida
E procure tomar atitudes para sair da tal situação
Levando-o a outra condição de insatisfação e por ai em diante
Mas eis ai o ciclo de motivação humana, talvez
Definitivamente, tudo tem o seu lado bom e o seu lado ruim
Basta saber encontrar o verdadeiro equilíbrio e o momento certo

Rafael Urquisa.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Lua preta.

A lua reflete a mais impura das luzes,
É como se a sua identidade fosse forjada
Ninguém liga pra ela, quando ela chega, os olhos se fecham
Ela não seria nada sem o sol, seria tão escura quanto à noite sem postes
Quantos Pierrôs choraram aos teus pés, e tu nada fizeste
Quantas estrelas tu mantêm viva por pura vaidade?

Os astros se chocam contra você num ato de desespero, mas ninguém percebe,
Por seres tão fria, não chamas nenhuma atenção,
Não tens grau, nem participas do aquecimento global, mera coadjuvante,
Não causas doenças, nem fazes bem aos ossos, ninguém te estuda, até pisar em você já pisaram.

Se apareces de dia ninguém te nota,
Se não apareces à noite do mesmo jeito
Quero ver quando for botada a prova
Não iremos achar somente um defeito.

Oh lua, fosse testemunha da minha desgraça
A noite que eu achava linda tomou meu amor
Em noite de lua cheia de carapaça
Deixou-me completamente cheio de pavor

Alguns dizem que és bela
Outros têm síndromes na tua presença
A noite fica mais sombria com ela
A lua que se diz nova, na verdade é muito velha.

Rossano Coutelo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Filho de sol poente


Filho de sol poente quando teima em clarear
Troca noite pelo dia
E deixam todos a pensar

Aqui nesta terra fria
Nunca é sol, sempre é luar
Assim a noite sempre fica mais sombria

Mas, filho de sol poente a todos veio salvar
Não sabe a força que tem
Nem ao menos pode imaginar

Na terra de outrora além
Todos vivem a sonhar
Saudade do antigo luar, sempre atinge alguém

Maria, que nunca viu o sol
Agora está mais fria
Pensando que o amanhecer
Só a ela pertencia.

João, muito chateado
Pelo calor que fazia
Rezava pra todos os santos
Pra ver se anoitecia

E todos daquela cidade
Tinham que com o galo estar acordado
Mas como isso era possível?
Se com o sol o galo ainda não estava acostumado?

Acontece que foram tantos os pedidos
Que filho de sol poente altamente constrangido
Saiu daquela cidade todo reprimido
Que logo lançou um castigo:
-Todos que olharem para o céu ficarão cegos.
E assim a escuridão retomou seu lugar.

Filho de sol poente
Que só queria ajudar
Foi ajudar outra gente
Outro lugar clarear.

Rossano Coutelo.