quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Poema do Verso Triste.

O verso aparece triste,
preguiçoso, mórbido no
pedaço branco de uma lacuna breve.

Ele não quer se render ao encanto
das coisas alegres e cheias de vida,
o meu verso é acabrunhado, muxoxo,
acácia sem cor, rosa sem perfume.

As letras competem em desanimo
e apatia, até o ritmo é melancólico.
Recito o rascunho em voz alta e a
orquídea no vaso da mesa de jantar, murcha.

No meu verso não tem sílaba
tônica, não tem acento,
a frase não exclama e
não pergunta. O marasmo da gramática.

Timidez?
Não. Meu verso outrora era altivo,
vivia em pixações feitas em altos edifícios
e era escrito em outdoors.

Hoje é depressivo,
teima em sair da caneta.
Quando sai é com orações,
sem verbo,
sem sujeito,
sem emoção,
sem nada.
Os versos finais de Bentinho.

Poesia sem alma.
O meu verso não tem coração.
Tem a epiderme fria de saudade.
E o esqueleto do poema tem osteoporose.

A linguagem biológica da composição poética,
é perdida, o verso surgi entristecido e deficiente.

A veia do meu verso não pulsa?

Não, o poeta é que perdeu seu coração.

Cícero Augusto.

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