terça-feira, 29 de dezembro de 2009

É menino.

Ele vive tão só no seu mundo imaginário
Ele vive tão ocupado no seu mundo maquinário
Ele contabiliza alegrias reguladas, sentimentos forjados
Ele olha ao lado e não se vê no espelho sujo, maquiado, centenário
Ele nunca teve dúvidas, sempre teve uma única alternativa, submisso

Tinha uma vida costumeira, se faltava luz, dormia, se voltava,acordava
Tinha uma vida habituada, se soubesse o que era amor, teria amado
Tinha uma vida rotineira, se tivesse percas saberia o que era a dor
Tinha uma vida regular, se já tivesse sonhado, teria desejos
Tinha uma vida constante, se dormia teimava em acordar

Quando tinha que mudar, jogava fora
Quando tinha que aprender, nem tentava
Quando tinha que falar, gesticulava
Quando tinha que abraçar, acenava
Quando tinha que amar, se angustiava


Ele tinha tudo pra vencer, e perdeu e morreu perdeu pra ele mesmo no fim do jogo.
E padeceu, não viveu nem buscou, nem tentou, vai assim, na paz rapaz.
Quem te viu não te conhece mais, quem te vê não precisa de muito pra crer que você não quer ver o amanha nascer, tão sozinho, tão sozinho, tão sozinho.

Porque menino você percebeu, que o grilo parou de cantar, a cidade esvaziou, o transito não parou, o palhaço parou de sorrir, a roda gigante era pequena, o grande amor era pequeno, Alexandre era pequeno, tudo é pequeno menino, quando não fazemos deles grandes. Menino não olha mais que o tempo passa, a ave passa, o beijo passa, a vida passa, começa a passar junto com ela menino. Não deixa menino o fim chegar mais depressa ainda, o túnel se afastar de você mais depressa ainda. Faz o palhaço sorrir menino, a roda ficar grande, procura o teu grande amor, aceita a grandeza do Magno menino.

Será que você ainda tem tempo menino? E se tiver?
No mesmo velho espelho que nunca mudou você se viu...
Até gostou...
Mas já é tarde menino,
Já é tarde.

Rossano Coutelo.

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