quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Antiga varanda

Faz do céu teu mar, nada nas nuvens molhadas
Revira teus horários, atrasa teu fuso
A vida te espera há muito tempo, e você só faz fugir
Quantas vezes brigamos por míseros motivos.
Sinto saudades de quando não tínhamos responsabilidades.

Pinta as estrelas no chão, cola elefantes no teto.
Antes líamos poemas, contos e fábulas,
Hoje lemos relatórios, artigos e contas
Antes jogávamos, dançávamos e o tempo era longo,
Hoje trabalhamos, trabalhamos e o tempo parece não existir
Antes todos os dias você ia à minha casa,
Hoje não te vejo há anos.

Nem posso mais dizer que sinto saudade, as lembranças são vagas]
As notícias que tenho sobre você, acredito que na realidade falam de outra pessoa]
Porque mudamos tanto?
Seria bom que o tempo fosse generoso,
Seria bom que ele voltasse e congelasse.

Um dia que tiver tempo,
Em uma varanda alta
Podemos conversar sobre o vento
E coisas que o tempo não trás de volta.

Ou quem sabe assim, falar do futuro
Em uma varanda baixa
Bem perto do nosso retrato
Que tiramos no último dia que você veio em minha casa.

Falaremos de saudade e da vontade
Do que passou e do que está por vir
Em uma varanda de verdade
Que um dia vou construir.

Bem perto de onde a gente morava
Pra lembrar-nos das nossas meninices
De quando brincávamos naquela varanda
E lembrar que éramos felizes e hoje somos tristes.

Rossano Coutelo.

24/10/09

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