quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Céu privado

“Um copo de vinho e
um pão sobre à mesa. Pequena ceia, não santa.

Meu exíguo território religioso.

Esses pequenos soldados de cor de noite
que avançam organizadamente para o açúcar.
Vejo-os como um rebanho de ovelhas,
e o monte de açúcar,
quem sabe, o Monte das Oliveiras.
As ovelhas de Moisés.

Ovelhas guiadas,
formigas pretas, uma por uma, se perdem na caminhada.
A estrada é o Tao,
a peregrinação de Nazaré,
percurso de Compostela
e a Meca de Mohamed.

Tudo é caminho, diversos caminhos, oblíquos caminhos, às vezes,
assimétricos. Contudo, nunca falta objetivo.
“Todo caminho da na venda”.
E na venda tem de tudo, tem: Inhavé,
Jeová e Jesus de Nazaré.
Veja o preço mais em conta.
Pague às vista.
Eles não aceitam à prazo.

Formiga, ovelha, homem.
Homem, ovelha, formiga.

Vi homens nas ovelhas, e ovelhas em formigas.
Deus em açúcar. Deus è doce, mas custa.

Açúcar, venda, igreja.
Igreja, venda, açúcar.

Açúcar comprado na venda, venda que se tem na igreja.
Deus em venda, custa.

As ovelhas continuam, a percorrer à mesa.
Perdoe, elas não sabem para onde vão.”

Cícero Augusto.

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