quinta-feira, 25 de março de 2010

Além da certeza

Homens e mulheres de preto, se reúnem
para dar adeus ao colorido da vida.
Pedaços de lágrimas lavam
os pecados do que já não pode se salvar por si.
Nas mãos bijuterias de uma fé questionável.
Por que se perde? Por que da morte?

E no caixão de madeira de lei, da Lei Divina,
as flores abraçam a epiderme fria.
Eu não queria ganhar aquelas flores,
“As Flores do Mal” de Baudelaire.

E na dor quase suicida dos vivos,
se percebe a compaixão pelos mortos.
A paixão de cristo, se sobressai
a despaixão dos homens.
Tudo que é mortal,morre.
Tudo que é morto, vive.
A alma transcendi o inefável.

Os sons da vida mundana,
o barulho da cidade matéria,
no fim tudo vira silêncio abaixo do homem.
Abaixo da terra. Abaixo de sete mãos.
Abaixo de Sete Princípios. Acima de mim.

O homem criou Deus.
Então Deus criou a morte?
O homem matou Deus.
Então por que Deus não levou consigo a morte?

Entre colinas do Tibet,
encontro o jardim da espera eterna.
Lá um príncipe dinamarquês,
sussurra no meu ouvido a frase
final da peça trágica
que chamamos Vida:
‘O resto é silêncio...’
E o espírito parte para além da certeza.

Cícero Augusto.

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