o amor não tá lá.
Acordo de manhã,
vou colocar os pés no chão e piso no amor.
Levanto, abro o guarda-roupa e o amor tá lá:
No meio das minhas cuecas, blusas,
calças e meias.
Vou no banheiro escovar os dentes e amor ta lá:
Do lado do creme dental, entre o xampu e a escova.
Estou tomando café na cozinha e o amor fica
me olhando do açucareiro.
Perguntando: “Mais uma colher de açúcar, senhor?.”
Descanso e o amor ta lá também, no meu travesseiro.
Perguntando: “Confortável, senhor?”
O telefone toca é o amor.
A campainha toca é o amor.
Recado novo na caixa de entrada é o amor.
Fazendo o almoço e o amor entre os grãos de feijão.
Lendo um livro e o amor parado me olhando da cabeceira da cama.
Assistindo o filme e amor lá do meu lado me oferecendo pipoca.
O amor não me larga,
não esqueci meu nome,
meu endereço,
meu número de telefone.
Numa tarde o amor
foi embora.
Agora,
O telefone não toca.
A campainha não toca.
A mensagem não chega.
Só o café sozinho na cama,
um verso inacabado na máquina de escrever.
Perguntas ausentes no cotidiano.
Um filme que já cansei de ver.
E eu sozinho na varanda do prédio,
esperando o amor ligar,
esperando a campainha tocar,
esperando a mensagem chegar.
Esperando o amor tá de novo lá.
Cícero Augusto.
Cícero é um eterno amante.
ResponderExcluirAh o amor! onde ele estar? Quando pessamos que ele estar no quarto, no travisseiro,na mesa de jantar, relaxamos em plena conciência que ele estar lá. Então quando olhamos de novo, cadê? O amor já foi embora!
ResponderExcluirhehehehe
Amei ciçãoooo tu é o cara!!!
Lindo! quem ama ver o amor em toda parte, sei o que é isso. quando li esse poema, me lembrei de uma cena do filme "o fabuloso destino de Amelie Poulan" em que ela prepara alguma comida e imagina o amor comprando um certo ingrediente que falta, e de repente, o amor está à sua porta tocando-lhe a campanhia, de verdade...
ResponderExcluir"o amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato..."
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