quinta-feira, 10 de junho de 2010

Então é Natal?


O menino vislumbra o
pinheiro iluminado.
È natal!

A cidade repleta de pessoas
com sacolas cheias.
Mas de almas vazias.
A árvore onipotente e luminosa
rasga o negro céu da capital.
E debaixo dela,
o rio reflete o esplendor da cidade
em dezembro.

A família feliz rodeada de comida.
È Natal.

A sociedade vermelha,
só no vermelho o social.
Senhores poderosos desembolsam
grandes quantias para uma filantropia
isolada. Nas caixinhas do proletário
encontra-se: “Colabore com nosso natal.”
Onde na verdade
lêsse:  “Ajude a exploração.”
Enquanto os honestos pedem em caixinhas,
os desavergonhados do planalto roubam em malas.   

O banquete na mesa, as pessoas
sorrindo.
O charmoso panetone.
As guloseimas coloridas.
Receitas caseiras com cheiro de mãe.
As bebidas diversas.
E no centro de tudo
o protagonista do dia, O peru.
È natal no Brasil,
O peru está na mesa.

A ética no lixo. E o peru na mesa.

A igualdade no banheiro. E o peru na mesa.

A honestidade no quintal. E o peru na mesa.

O amor ao próximo apenas no aperto de mão. E o peru na mesa.

A pobre criança no sinal. E o peru na mesa.


Por: Cícero Augusto.

Um comentário:

  1. Um poema excelente, muito bem escrito...tem uma música que diz : "feliz natal pra criança deixada na rua, noite sem fim, pra aquele que não tem o que comer, feliz natal pro pai desempregado, noite sem paz, pra aquele que a morte veio ver". Lembrei dela...parabéns...

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