terça-feira, 9 de março de 2010

Costura

Queria me vestir do teu amor
Porém continuo andando nu por ai nessas ruas imundas
Nao tens um número pra mim, morena?
não precisa ser exato, pode ser intermediario,
afinal, a exatidão do amor se compara com a subjetividade do acaso

Quanto custa? eu pago
Dou-me inteiro, sem rodeios e bloqueios
e talvez eu não valha muito como inteiro
Mas olha com carinho, a intenção é que basta, ou não?

Pra mim nada basta, quero tuas mangas longas e usadas
Pra sentir teu cheiro, teu perfume, teu calor
Pra me agarrar nos teus trapos trabalhados

Sorri pra mim, com fita na boca, pronta para tirar minhas medias
e trabalhar no meu corpo teu amor, de pedaço em pedaço
sem descaso, por favor, que eu pago caro

E quero riqueza de detalhes, porque do superficial estou cheio
Costura fina, entendes?

Peguei ontem meu terno, mas é uma pena rapaz, tenho que voltar la
e olhar mais uma vez nos olhos da costureira bela e quem sabe
Tirar daquelas íris de diamante algo para acrescentar.

Pedro Ivo.

4 comentários:

  1. Afinal, a exatidão do amor se compara com a subjetividade do acaso,

    Meu colaborador!!!

    Cada vez melhor!!

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  2. Surpresa, não com a sua arte... ela é encantadora. Estou encantada pelo toque nostálgico que se somam aos seus escritos.

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  3. Parabéns! tua solta imaginação inspira!

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