quinta-feira, 11 de março de 2010

Um fim.

No relógio são seis horas da tarde.
O dia vai acabando.
E eu sem você.
Trânsito intenso,
Chuva forte,
Guarda-chuvas pretos.
Tudo indica uma tristeza.
Percebi um certo desvio
para o vermelho, no céu,
quando você partiu. Será a Lei de Hubble?

Enquanto os pingos de chuva
se confundem com os rios de lágrimas,
as estrelas rasgam o teto da cidade.
Quem dera ver a Ursa Maior daqui, pelo menos
alguma coisa maior, hoje.

As gotas batem no meu corpo,
Escuto o eco que sai do oco da minha vida.
Não estou mais em mim. Dor é sentir
a ausência daquilo que não está mais lá.

Tudo acaba em silêncio absoluto e
sentimentos egocêntricos inerentes a nossa condição.

Atravesso avenida com pensamentos estreitos,
mas com dores largas.
Um carro se movimenta fora da estrada.
Será meu remédio?
Talvez na morte encontre de novo meu sorriso.

A chuva cessa, o tráfego diminui,
só essa ferida que não estanca.

Por fim,
visto meu casaco de linho triste.
Descido partir. Olho pro relógio:

Agora são seis horas e um minuto,
O mundo continua a girar.

Cícero Augusto.

3 comentários:

  1. PERFEITO!

    Na seleção dos melhores esse viiiu!

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  2. Me recordo bem dessa falta, dessas dores, desse alguém. Me recordo até da chuva que caía, tão forte quando o desalento.

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  3. Poxa, tudo isso aconteceu em UM minuto...

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