quinta-feira, 1 de abril de 2010

As Luzes.

já choveu, a graça se desfez por terra
a terra quente, logo se esfria
e os raios de luz não atingem seu destino
tudo permanece escuro, permanece incluso
já cravou, quem me espreitava, se foi
a batida foi tão forte,
o som estrondeante,
mas não foi suficiente.

vai chover, e as águas trazem o meu paradeiro
enfim saberão o meu nome,
enfim sentirão o meu cheiro
hoje é o dia da grande renovação
estou curado, cheio de coragem
repleto de certezas,
não arrisco uma resposta
nem me contento com perguntas

quem vai me dar razão?
quem vai me dar a mão?
será que posso mostrar que tenho um coração?
ouvi dizer que os olhares são de negação!
quando a chuva caiu, vi de longe uma cidade
com as lâmpadas acesas,
pensei que fossem pessoas me condenando
vinham em procissão, me obrigando a pedir perdão.

sentei num banco, vinha um circo passando na minha frente
os palhaços, pareciam tão tristes como eu
a música, tão fora de sincronia como a minha vida
foi quando um garoto olhou em meus olhos,
pediu abrigo com o olhar, vi meu passado no seu rosto
eu que não tinha nada, pensei em ajudar
notei que ele fugia do circo, assim como eu fugia da vida
precisava de alguém, tanto quanto eu.

E assim a dor passou,
o fogo se apagou,
as luzes voltaram a iluminar a terra molhada
e tudo parece tão claro, tão raro
e a procissão de luzes
veio em minha direção com velas acesas
me dando razão, segurando minha mão,
mostrando meu coração, pedindo perdão.

Rossano Coutelo.

Um comentário:

  1. Ainda bem que ele encontrou a luz e o perdão...
    Seus textos estavam ficando sombrio.
    kkkkkkkkkkk
    Beijos.

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